domingo, 16 de outubro de 2011

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Universidade do Estado do Pará - UEPA
Departamento de Ciências Sociais e Educação - DCSE
Planejamento Territorial Participativo – PTP
Curso de Letras 3º módulo@ < @ PA
Disciplina: Filosofia Da Educação




QUESTÕES PARA REFLEXÃO




Acará – PA
2011


Edimilson Lobato da Silva




QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
1 – Qual a importância da filosofia para a formação profissional do professor/educador?
Vivemos num mundo que valoriza as aplicações imediatas do conhecimento. O senso comum aplaude a pesquisa científica que visa à cura do câncer ou da AIDS; a matemática no ensino médio seria importante por “cair” no vestibular; a formação do advogado, do engenheiro, do fisioterapeuta prepara para o exercício dessas profissões. Diante disso, não é raro que alguém indague: “Para que estudar filosofia se não vou precisar dela na minha vida profissional?”.
De acordo com essa linha de pensamento a filosofia seria realmente “inútil”, já que não serve para nenhuma alteração imediata de ordem prática. No entanto, a filosofia é necessária. Por meio daquele “olhar diferente”, ela busca outra dimensão da realidade além das necessidades imediatas nas quais o futuro educador encontra-se mergulhado; ao tornar-se capaz de superar a situação dada e repensar o pensamento e as ações que ele desencadeia, o indivíduo abre-se para a mudança, e a este, incomoda o imobilismo das coisas feitas e muitas vezes ultrapassadas. Por isso mesmo, a filosofia pode ser “perigosa”, por exemplo, quando desestabiliza o status quo ao se confrontar com o poder.
Portanto, é de suma importância para a formação do profissional (professor/educador), ter este olhar filosófico sobre as coisas que o cercam, para que possa dar continuidade à busca pelo saber, uma vez que, a filosofia é o “amor a sabedoria”, e esta é a razão de ser do bom profissional.

2 – Existe alguma relação entre Filosofia e Educação? Qual?
Sim. A relação da filosofia com a educação existe desde a antiguidade do mundo grego. Os filósofos gregos, em busca da Arete humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação. Viam na educação um meio necessário para o alcance de uma cultura ideal e de uma alma purificada, capaz de elevar o homem ao conhecimento inteligível, apostando na busca de um ideal artístico de cultura.
A busca incessante pelo saber, tem dado novos rumos aos estudos filosóficos e vem dando suporte à educação, pois como já sabemos, a filosofia é a disciplina que tem tudo a ver com a sabedoria, é o amor a sabedoria, o que interliga os dois termos (filosofia e educação), sendo que um depende do outro. Logo, educação é tudo que se adquire por intermédio dos conhecimentos e da razão, ou seja, a filosofia está presente nestes conhecimentos por meio da razão.
Os ramos da educação descritos por Aristóteles são quatro: a gramática (leitura e escrita), a ginástica, o desenho e a música. A teologia fundamental da educação aristotélica, que também é o objeto da ciência política, tem como “finalidade suprema [...] infundir um certo caráter aos cidadãos – por exemplo, torná-los bons e capazes de praticar boas ações”.(Aristóteles, 1099b, 1999, p.28).
Segundo Luckesi a educação dentro de uma sociedade não se manifesta como um fim em si mesma, mas sim como um instrumento de manutenção ou transformação social. Assim sendo, ela necessita de pressupostos, de conceitos que fundamentem e orientem os seus caminhos. Em suma a Filosofia fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o educador e para onde esses elementos podem caminhar.

3 – Filosofia e Literatura são dois campos da apreensão/representação do mundo, da realidade. De que forma podemos associar estes dois campos?
Partindo do pressuposto de que a literatura é a arte de criar e de recriar textos a fim de expressar o fingimento do poeta, podemos associá-la à filosofia como campos de interação onde a busca pelo saber é calcada pela arte, ou pelo que há de mais belo, o texto literário.
A relação entre filosofia e literatura desde a Antiguidade, foi caracterizada por uma certa tensão: Assim, em Platão, o poeta aparece quase como o “outro” do filósofo, o que representa a emoção e não razão, inspiração e não conhecimento, um mentiroso “Platão argumenta que deveria ser proibida a partir de sua República ideal”. Sócrates afirma ser necessário o máximo de cuidado possível para que as crianças e jovens em formação não escutem estórias; se for necessária a sua transmissão, deve ser feita ao menor número de pessoas possível, em segredo (Platão, 378ª, 1996, pp. 99-89). O temor do poeta pode também ser encontrada em Kant, que supostamente disse que ele precisava ler vezes Rousseau diversas a fim de alcançar a “essência” de seu pensamento sem ser distraído por sua estética, bem como em reservas de Adorno à estilo literário de Kierkegaard.
Se a filosofia se orgulha em representar o conhecimento e a razão, as faculdades que afirma ser superior a inspiração e emoção, essa dicotomia, frágil e discutível desde o início, tornaram-se mais e mais difícil de manter. Em particular desde o final do século XVIII, que marca uma viragem na relação entre filosofia e literatura, a Europa tem visto que novas formas de escrita surgem, que desafiam a filosofia tradicional no campo da literatura, apropriando-se de questões que anteriormente tinham sido exclusivamente filosóficas.
Assim, podemos consolidar o campo da representação por intermédio do saber aplicado no texto poético, pelo verdadeiro conhecedor “o poeta”.

4- Como podemos vincular a Filosofia à Teoria da Linguagem?
Ao apresentar a teoria dos atos de fala, ou de que o uso da linguagem tem precedência sobre a semântica, nos distanciamos das posições essencialistas da filosofia. Por outro lado parece que a filosofia não tem mais nada a fazer ou que se confundiu com a sociologia ou antropologia.
Segundo Austin, existe um campo de investigação que é próprio da filosofia e que só ela é capaz de realizá-lo. Trata-se da análise da linguagem que parte da linguagem comum, como outras ciências, mas que não permanece na mera superfície dos fenômenos. Interessa à filosofia não o uso que se faz de uma língua nesta ou naquela cultura, mas sim as regras subjacentes às diferentes interações lingüísticas.
Partindo deste pressuposto, pode-se notar as diversas contribuições que a filosofia tem dado ao mundo contemporâneo por meio dos vários pensamentos filosóficos em que estamos inseridos no nosso cotidiano, logo, o cidadão ao expressar-se para efetivar uma comunicação, seja ela verbal ou não verbal, estará fazendo uso da filosofia, ou seja, seus pensamentos estarão sendo orientados por uma sustentação primordial da filosofia “a razão”. Aqui nota-se o vínculo maior da filosofia à teoria da linguagem, por meio da interação homem/sociedade, o que só pode dar-se por intermédio da língua.
A questão final diz respeito à noção de que a tarefa primordial, senão integral da Filosofia consiste na análise conceptual. A análise de conceitos básicos foi sempre uma preocupação dominante dos filósofos. Nos diálogos de Platão e Sócrates é representado como se passasse a maior parte do tempo fazendo perguntas como “O que é justiça?” e “O que é sabedoria?” As obras de Aristóteles foram dedicadas, em grande parte, a tentativas para chegar à definição adequada de termos como “causa”, “bem”, “movimento” e “conhecimento”. Tradicionalmente, tem se considerado que, por mais importante que seja essa atividade, é ainda preliminar às tarefas básicas do filósofo – as de chegar a uma concepção adequada da estrutura fundamental do mundo e a um adequado conjunto de normas para a conduta e organização social humanas.

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