sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ANÁLISE DA OBRA "O MANDARIM"

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE LÍNGUA E LITERATURA VERNÁCULAS CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LÍNGUA PORTUGUESA PLANEJAMENTO TERRITORIAL PARTICIPATIVO – PTP – 6º MÓDULO LITERATURA PORTUGUESA Acará – PA 2012 Edimilson Lobato da Silva; Raimundo Zaire Soares da Cruz; Sérgio de Sousa Lourinho. ANÁLISE DA OBRA “O MANDARIM “ - Este trabalho é um requisito parcial de avaliação da disciplina Literatura Portuguesa, ministrada pela Profª. Rosa Sueli dos Santos do Curso de Licenciatura Plena em Língua Portuguesa da Universidade do Estado do Pará – UEPA. Acará – PA 2012 RESUMO DA OBRA: O Mandarim é um texto à parte no conjunto da obra queirosiana devido ao seu caráter fantasista e cômico, e que, exatamente em decorrência dessa característica, é considerado um texto “menor”, inferior, quando comparado às demais obras do escritor português. O Mandarim foi mais uma obra muito marcante do grande escritor português Eça de Queiroz. A Obra foi publicada pela primeira vez em folhetim, no Diário do Reino, em 1880, o Mandarim leva-nos até um cenário exótico, o oriente, que serve de pano de fundo à história de Teodoro. Teodoro é um simples amanuense do Ministério do Reino que, embora tenha uma vida modesta, não passa grandes privações. Está, no entanto, longe de alcançar os seus sonhos de luxo. Um dia, porém, depara-se com um jogo em que tudo o que tem a fazer é tocar uma simples Campainha para que um riquíssimo Mandarim chinês morra e ele herde toda a sua fortuna. Perseguido e atormentado pelo Diabo, Teodoro faz a campainha tilintar e, depois de um mês de ansiedade e de incredulidade, fica milionário. Mas agora que tem a vida de fausto, ou seja, com que sempre sonhara sente-se, à medida que o tempo passa, cada vez mais desiludido devido à hipocrisia e mediocridade da raça humana. Pior ainda é a visão constante do mandarim Ti-Chin-Fu morto, e da sua família que vive agora na miséria. Roído pelo remorso decide partir para Pequim a fim de procurar a família do falecido e casar-se com uma das senhoras para, assim, legitimar a herança. A viagem, repleta de peripécias que quase lhe custa à vida, revela-se infrutífera, pois não encontra a família do morto. Regressa deprimido, pensativo, perseguido e, como as visões do mandarim morto não desaparecem de sua mente, chega a pedir ao Diabo que lhe devolva a vida, mas este não lhe faz a vontade. Abandona então a sua mansão e instala-se na pensão da D. Augusta, viúva do Marquês. Mas, corroído de escárnio por viver como um pobre, acaba por voltar à vida de rico, embora continue a sentir-se infeliz e vazio por dentro. Quando sente que é chegada há sua hora, ou seja, a sua morte, deixa em testamento, toda a sua fortuna em forma de testamento ao Diabo. Biografia do Autor José Maria Eça de Queiroz foi um importante romancista português do século XIX, nasceu em 25 de novembro de 1845, na cidade portuguesa de Póvoa de Varsin, morreu em Paris no dia 16 de agosto de 1900, é um dos mais importantes escritores lusos. Foi autor, entre outros romances de reconhecida importância, de Os Maias e o O crime do Padre Amaro; este último é considerado o mais importante. Aos 16 anos de idade, foi estudar direito na cidade de Coimbra. Seus primeiros trabalhos como escritor apareceram no Jornal Gazeta de Portugal. Trabalhou como administrador municipal no município de Leiria. Trabalhou também como cônsul de Portugal na Inglaterra. Esta época foi uma das mais produtivas de sua carreira. Eça foi discípulo do escritor francês Gustave Flaubert, de quem recebeu grande influência literária. Eça de Queiroz foi um dos pioneiros da literatura realista portuguesa. Abordou, em suas obras, diversos temas, no entanto, podemos observar algumas características comuns em seus romances, como, por exemplo, abordagem de temas cotidianos, descrição de locais e comportamento de pessoas, pessimismo, ironia e humor. Com relação ao narrador este se apresenta inserido na trama, pois o personagem Teodoro narra as suas próprias aventuras em de se tornar um homem rico. O Mandarim é a primeira obra relativamente extensa do autor, escrita em primeira pessoa. No entanto, essa observação pode reforçar o argumento de que o conto representa um momento de rejeição do modelo naturalista da época, que propunha a narrativa em terceira pessoa, mais adequada à análise objetiva. Quanto às personagens, é magnífica a magistral caracterização das personagens feita nesta obra. O autor manobra, de tal modo, as suas personagens que, chegamos a pensar que elas não passam de meros fantoches manobrados a capricho do seu criador. Como podemos observar o desenrolar de cada um dentro do enredo: Teodoro: Protagonista do romance, bacharel amanuense do reino, ganhava 20.000 réis por mês e vivia numa casa de hóspedes, na Travessa da Conceição, nº 106, em Lisboa. Levava uma vida pacata e monótona. Era magro e corcovado – postura marcada, pelo muito que se vergara perante as lentes da Universidade e dos Diretores da Repartição. A sua ambição reduzia-se a desejos fúteis de bons jantares, em restaurantes caros, de conhecer viscondessas belas etc. Considera-se um "positivo". É um descrente, mas é supersticioso, pois, reza todos os dias a Nossa Senhora das Dores. Enfim, é um representante típico do burguês nacional, medíocre e frustrado de baixos valores morais. D. Augusta: É uma personagem secundária na obra. Dona da casa de hóspedes na Travessa da Conceição, em Lisboa, onde vivia Teodoro. Era viúva do Major Marques. Em dias de missa costumava limpar com clara de ovo a caspa do tenente Couceiro. Já Ti Chin-Fu, o mandarim assassinado por Teodoro, embora não faça nenhuma ação no conto, nenhuma fala, é de importância fundamental na obra, representa a vítima perfeita: é distante do seu algoz (ele não conhece Teodoro, bem como vive em uma cultura antípoda à do bacharel) é imensamente rico e sua morte é extremamente vantajosa para o assassino. Malgrado tudo isso, a sua inocência perante o mau gratuito que sofreu, para o qual não contribuiu em nada, trouxe angústia e desencanto a Teodoro, deixou a vida do ex-bacharel em ruínas. O Diabo: o Diabo veste aqui roupas da época descrita, querendo mostrar que o mal, na verdade, está bastante próximo do homem, até se confunde com ele mesmo. O Diabo é feito à imagem e semelhança do homem. O homem e o Diabo identificam-se, até mesmo para que as sua incitações tenham maior força. A obra mostra que o poder do Diabo só funciona em combinação com o lado negro do homem. Vladimira (generala): mulher do general Camilloff, e amante de Teodoro por um breve período. Alta, magra, delicada, é uma representação de um tema caro ao realismo: o adultério, como forma de revelar ao leitor a hipocrisia e a traição humana. General Camilloff: é representante do Império na China. Durante a ida de Teodoro à China, tornaram-se amigos. A sua lealdade para Teodoro era sincera, e até mesmo Teodoro via nele um homem de bem, embora não pudesse evitar traí-lo com um triângulo amoroso com a esposa do General, Vladimira. Representa aqui mais um falhanço moral de Teodoro ao ir para a China. Sá-Tó: intérprete de Teodoro durante a viagem na China. Quanto à história o narrador desta novela é Teodoro, bacharel e amanuense do Ministério do Reino. Mora em Lisboa, na pensão de D. Augusta, na Travessa da Conceição. Leva uma vida monótona e medíocre de um pobre funcionário público que suspira por uma ventura amorosa, por um bom jantar, num bom hotel, mas que tem pouco dinheiro, Teodoro não acredita no Diabo nem em Deus, mas é supersticioso. Certo dia descobre, na Feira da Ladra, um livro com a lenda do Mandarim, segundo a qual um simples toque de campainha, há certa hora, mataria o Mandarim e faria dele herdeiro dos seus milhões. O Diabo aconselha-o a tocar a campainha. Tocarás a campainha e serás rico. Teodoro influenciado pelo Diabo Toca a campainha. Começa então, uma vida de luxúria e dissipação. As mulheres são o seu fraco, logo é traído por Cândida, que o troca por um Alferes, logo se aborrece, permanecendo em si o sentimento de culpa do Mandarim que assassinara. Teodoro começa um verdadeiro itinerário e realiza viagens pela Europa e Oriente. Depois, decide partir para a China, pensando em compensar a deserdada família do falecido Mandarim, tudo ocorre mal. Tenta em vão fugir dos remorsos. Regressado a Lisboa tem visões com o Mandarim, acaba por pedir ao Diabo que ressuscite o Mandarim e o livre da fortuna, depois de muito penar com visões, remorsos e encargo de consciência Teodoro resolve deixar a sua fortuna ao Diabo, em testamento. Volta à sua vida de aborrecimento e saciedade, considerando finalmente, que "só sabe bem o pão que dia-a-dia ganham as nossas mãos". Quanto à estrutura do texto, esta é o modo como ele é organizado e de que forma é apresentado. O texto apresenta uma narrativa em primeira pessoa, abordando assim, suas personagens, seu enredo, sua trama, seu desenrolar da história, seu tempo, espaço e sua linguagem. A linguagem é formal com um texto narrado em 1ª Pessoa por Teodoro, possibilitando ao leitor fácil entendimento do texto narrado. Já o Tempo da história está relacionada a data de sua publicação que aconteceu em Junho de 1880, mas o texto não deixa claro a época precisa em que se passa, sabe-se somente que é no século XIX, em Portugal, particularmente em Lisboa. A duração da história também não fica clara, fala-se em dias, em meses, em estações. O enredo é linear, de ação lenta, com intensa caracterização do espaço como observamos no inicio do capítulo IV onde o autor cita algumas características de Xangai, “Daí subimos pelo rio Azul Tien-Tsin num pequeno steamer da Companhia Russel. Eu não vinha visitar a China numa curiosidade ociosa de tourieste: toda a paisagem dessa província, que se assemelha à dos vasos de porcelana, de um tom azulado e vaporoso, com colinazinhas calvas e de longe a longe um arbusto bracejante, me deixou sombriamente indiferente”. e o tempo é cronológico. “O espaço” da obra nos leva ao Oriente, que serve de contexto à história de Teodoro, um pacato amanuense do Ministério do Reino. Outra cidade que ele passou foi Pequim, na China, quando ele volta para procurar a família do mandarim que se encontrava desamparada. A cidade que mais aparece na história é Lisboa, em Portugal. “O clímax”, ou seja, o ponto alto da história se concentra em Teodoro, que movido pela tentação aguçada pelo Diabo de tocar a companhia fazendo com que a vida do mandarim termine e ele herde toda sua fortuna. Ação esta, que lhe propicia riquezas e ao mesmo tempo sofrimento pelo fato de o mesmo ter um peso em sua consciência em ver a família do mandarim em difícil situação. Quanto à “verossimilhança”, está associada ao fato de que ainda hoje muitas pessoas agem como Teodoro, movidas pela ambição e ganância de terem tudo do bom e do melhor de maneira fácil, acabam por cederem à tentação de se aproveitarem de certas circunstâncias em favor de melhorarem sua situação em detrimento de outras. Mostrando assim, que o dinheiro não traz paz e nem felicidade, como observamos na obra. Conclusão Podemos concluir que o dinheiro não trouxe alegria e muito menos felicidade a Teodoro, como ele esperava. Pois após fazer o pacto com o Diabo, ele conseguiu o que queria: herdar a fortuna do mandarim. Mas, ficou com peso na consciência por ter matado um inocente e desamparado sua família. Tempos depois, arrependido do que havia feito, sente o remorso e antes de sua morte deixa tudo o que herdara do mandarim para o Diabo, como forma de vingar-se e morrer sem peso na consciência. Referências Bibliográficas Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro http://www.bibvirt.futuro.usp.br A escola do futuro da Universidade de São Paulo Permitido o uso apenas para fins educacionais. Texto-base digitalizado por: Marciana Maria Muniz Guedes – São Paulo/SP

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